quinta-feira, 24 de dezembro de 2009



Caro amigo,

como sempre apareces-me no teu melhor, de improviso, pedindo para ontem um texto com sabor a Natal. Como estes dias são de pressa cruciante não há muito tempo para ir em teu socorro. Ainda assim aqui fica um link para um belo texto de Natal. É um pouco forte, redondo e talvez fechado, mas ainda assim vale a pena:

http://chamadocarmo.blogspot.com/2009/12/natal-olhar-sereno.html.

Estou certo que lendo e meditando esse texto tão denso não perderás o teu precioso tempo.
Ainda assim fico com pena por não corresponder plenamente ao teu SOS. Por essa razão te envio um texto, não sobre o Natal — ou não completamente —, mas sobre os reis magos, esses sábios fantásticos que souberam ler na estrela que Deus lhes iluminou um sinal do nascimento do Grande Rei. Bem, não será um texto sobre reis, mas sobre as três rainhas do meu presépio. Rainhas, que até são bem plebeias. Plebeias, mas sábias. Daquelas cujo coração é imenso e com muitas janelas por onde a luz do Natal possa entrar no coração.

Rufina

Chama-se leão ou tigre, já não lembro bem. Consta por aí que ninguém na selva o atura. Já não há alcatraz que o encerre, jaula que o detenha. A estatura impõe respeito, a brutalidade medo.

Tem por companheiras duas raparigas, a heroína e uma navalha. Conhece bem todos os seus direitos sociais, que faz valer e ouvir ou com urros ou com rugidos bem para lá da outra margem do largo rio. Desconvidado sobe ou acede a todos os palcos onde possa fazê-los valer. Na verdade, parece que já não tem direitos. Ainda que tenha, como humano que é. Mas como só arroga direitos, quem lhos pode creditar quando não vela nem cuida de nenhum dos deveres?

Chama-se leão ou tigre, já não lembro bem. Se não há selva ele trata que exista porque assim reina melhor. Se não há ordem, ele também não a quer porque assim se amanha melhor. Por alguma razão leva nome de predador. E tem de fazer jus ao nome. E faz. A preceito e com mérito.
Até as sentinelas fogem dele ou o ignoram ou viram a cara como se não quisessem testemunhar as travessuras de miúdo traquina. Como é ou foi declarado inimputável passam por ele como se ele não passasse por ali. Sempre que pode — e pode sempre! — atazana Rufina, a técnica social que o atende. Atazana? Atazana é favor. Assusta, persegue, chantageia e ameaça. É eficaz nas ameaças. A primeira e sempre renovada consta da seguinte declaração: — Cuidadinho, que eu sei qual é a escola da tua filha!

É preciso ser-se rainha, corajosa, ainda que de mãos vazias, para todos os dias cruzar a selva e franquear a porta onde à socapa acabará por entrar o leão ou o tigre não sei bem, que volta e meia ele entra sorrateiro como qual quer felídeo de porte que se acerca do bebedouro para intimidar a arraia miúda. Rufina anda com o coração nas mãos, uma depressão castradora e lágrimas que esconde em duas represas.

É a minha primeira rainha que eu vou colocar no presépio, com a filha ao colo, bem juntinho de Jesus menino.


Judite

Chama-se filho, simplesmente filho. Recuso-me a dizer o nome dele. Filho é sempre filho, porque não há entranhas de mãe que esqueçam a criatura que nelas ganhou corpo e alma. Judite é velha e cheira mal.

É velha e escura. Tão escura de tão indefesa. De tão solitária. O filho que as entranhas exangues já não renegam visita-a pontualmente, tão pontual que as visitas saberiam a manteiga e marmelada se fosse um filho a visitar uma mãe.

Roído pela droga o Filho espia a mãe e sempre que ela recebe o vale da pensão aparece para o recolher. É selectivo nas visitas. A casa foi plantada no cimo dum morro com muitas escadas para descer e outras tantas para subir, pelo que quando o filho chega a mãe não tem nem tempo nem fôlego para esconder o dinheiro. E ainda que o escondesse ele moía-lhe o corpo como uma mó mói o milho. Ela sabe disso, porque conheceu bem as antigas ribeiras do Minho e os seus moinhos donde levou tanta farinha à cabeça.

O filho chega sempre a horas certas, como se fora um relógio suíço. E com irónica delicadeza extorque o contributo mensal que a mãe não nega. E depois conclui a obra com uma assinatura de truz: despeja o bacio na cabeça da mãe.

Para o mês que inaugura o ano ela já tem uma faca. A faca é para cortar. Ela cortará ou as goelas dele ou o ventre dela. Mas eu vou levar ao presépio esta rainha para eu e o Menino lavarmos o bacio.

Soledade

Soledade é castelhana. Um velho roble castelhano. Quase bíblico. É a última do clã. É rija. Sempre foi rija. Parece promessa de Deus ser tão velha e a última a morrer. Morrerá em terra estrangeira por muito que se diga que somos hermanos. Não somos. Ela diz que há um risco que nos separa e algumas veias que nos unem. Mas isso não chega para fazer irmãos, confirma o roble.

Ela é velha, estrangeira, última. Só. Solitária. Como um altivo carvalho no meio da meseta imensa de neve.

Soledade sabe que já se imprimiu a agenda onde se há-de assinalar o dia em que a impiedosa e fria tempestade finalmente derrubará sem custo o carcomido tronco. Mas não é isso que lhe dói, não é disso que se queixa. O seu queixume é dum gume afiado que ela diz, gelado, na primeira pessoa. Assim: Meu pai morreu nos meus braços e no berço dos meus braços morreu minha mãe. Chorei como corresponde a uma filha chorar a morte dos pais. (Mas nada se compara à morte fria do filho único que aceitou gerar. Por causa da dureza da morte prematura o corpo não lhe gerou mais nenhum, nem podia porque ela embalou o bébé até que a carne fria do filho se recusou a aquecer-se colada à sua.)

Em terra estranha e em meus braços morreu minha irmã, mais velha e mordida pela demência, que a visitou acolitada por Parkinson e Alzheimer. E a meus braços, qual batel, regressou das imensas lonjuras do mar meu luso marido, para morrer em calmo porto de abrigo.

Sabe o que me dói, pergunta-me desamparada? Dói-me que já não restem braços onde no fim, depois da tempestade, acomode a cabeça ao morrer. Lá terá de ser na neve fria.

Sim, também eu levarei Soledade, a nobre rainha castelhana, ao presépio. Estou certo que ali, ao menos ali, existem bracinhos.
Frei João Costa

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Chama-se Beatriz

O Paris Carmeli tem mais um elemento. É uma menina e descende do clã Pereira/Branco.
Aguardamos a gestação lá para Abril.
Para já, votos de muita saude aos pais, especialmente à mãe, para que tudo corra bem

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Quem Canta, Reza Duas Vezes











"Confiarei nessa voz que não se impõe
Mas que ouço bem cá dentro, no silêncio a segredar
Confiarei, ainda que mil outras vozes
Corram muito mais velozes só para me fazer parar.

E avançarei, avançarei no meu caminho
Agora eu sei que Tu comigo vens também
Aonde fores, aí estarei
Sem medo avançarei.

O Senhor é meu pastor, sei que nada temerei
Ele guia o meu andar
Sem medo avançarei

Confiarei na Tua mão que não me prende
Mas que aceitas cada passo do caminho que eu escolher
Confiarei, ainda que o dia escureça
Não há mal que me aconteça se contigo eu estiver."



A oração deste mês do Paris Carmeli iniciou-se com este cântico.

Como a melodia desta canção é extraordináriamente bonita, "embriagamo-nos" melomenamente pelo trilhar das notas musicais, esquecendo muitas vezes o essencial, i.e., olharmos com olhos de ver, de coração aberto, para a profundidade da mensagem.

É a proposta que vos faço neste dia, a poucos do nascimento do Salvador.


Como diria o nosso orientador, "Quem Canta, reza duas vezes!".


Nesta proposta, vamos apenas rezar. Depois, podemos cantar!

sábado, 12 de dezembro de 2009

As Reuniões do Paris Carmeli têm momentos de oração, convívio e grande amizade.

O momento captado mostra, além do mais, muita ternura, espelhada numa brincadeira entre o Orientador Espiritual, Frei João e a pequena Alice. O tema, como não podia deixar de ser é......

O SAPO!




Frei João e Pedro explicam a essência do Sapo.

Variantes e Possibilidades!

Frei João explica que também entre os sapos

podemos encontrar casais: Sapos e Sapinhas!

Frei João abandona a componente pedagógica

e entra na brincadeira!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O Natal está a chegar!

O Natal está a chegar...
A casa do Pedro e da Susana, além do Natal, espera também mais uma moradora. Uma bebé (linda, certamente) que chegará já em 2010.
O fotógrafo captou este Presépio, que de uma forma muito peculiar, retrata o momento chave para a humanidade.
Pessoalmente sinto o Natal de uma forma muito intensa. Como católico, para mim é a altura mais bonita do ano. Como simples cidadão, é a altura em que a minha família se reune durante vários dias à mesma mesa, partilhando comida, conversas e prendas.
Como católico, e embora tenha que sentir que a Páscoa, com todo o seu significado representa para a Igreja o momento da ressurreição (a maior prova da fé), com toda a simbologia de sofrimento, acabo por apreciar bem mais o Natal e a sua atmosfera.
Como cidadão e membro de uma família, felizmente muito unida, é fantástico ver toda a gente empenhada no ritual. A árvore, as prendas, o jantar da consoada, a missa do galo... são momentos fantásticos que recuperamos anualmente e a cada ano, parecem únicos e irrepetíveis.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O “milagre” de Natal de 1886

Vai produzir-se agora um acontecimento de importância capital na vida de Teresa Martin. Em nada espectacular, pois, à excepção da sua irmã Celina, ninguém saberá.

Os factos são muito simples. No regresso da missa da meia-noite na catedral de São Pedro, o Sr. Martin, cansado, lamenta que o ritual dos sapatos na chaminé ainda exista para uma jovenzinha de quase catorze anos: "Enfim, ainda bem que é o último ano!. ..". O seu ouvido apurado entendeu-o. Brilham-lhe as lágrimas nos olhos ao subir as escadas para ir tirar o chapéu. Celina diz-lhe para não descer já.

Mas Teresa faz um grande esforço, retém as lágrimas, desce rapidamente as escadas para abrir os presentes ... O pai, tendo recuperado o bom humor, fica contente. Celina não acredita no que vê.

A graça tocou o coração de Teresa. "Num instante" recebe uma grande força interior. A fonte das suas lágrimas ficou estancada. Não é a mesma: a sua hipersensibilidade desapareceu. Eis que está transformada, forte, liberta das "fraldas da infância", já não adolescente, mas mulher. Está "revestida com as armas", preparada para todos os combates e, em primeiro lugar, para o que a vai empurrar a entrar no Carmelo o mais rapidamente possível.

Nove anos mais tarde, ao escrever o seu primeiro manuscrito autobiográfico, Teresa sintetizará o acontecimento do Natal de 1886. Para ela, trata-se de um "pequeno milagre", de uma "conversão", de uma "mudança admirável" entre a força de Deus que se faz pequeno no presépio e a debilidade da "pequena" Teresa que se faz forte. A graça litúrgica - e a eucarística, porque Teresa comungou na missa da meia-noite - transformou-a completamente (Ms A 45-46).

Teresa "cresceu". Teresa desejava-o vagamente, mantida, contudo, pela sua família numa espécie de atmosfera infantil: "A Celina queria continuar a tratar-me como um bebé, já que eu era a mais nova da família ...". Porém, as palavras do pai, repentinas, acabando com o ritual infantil, fazem-na sair de si mesma. Conversão duradoura que vai
inaugurar "o terceiro período da sua vida, o mais belo de todos, o mais repleto das graças do Céu ...". Agora, como ela diz, pode começar "uma corrida de gigante" (Sl18, 6).

Com notável lucidez, comprova que reencontrou a força da alma dos seus quatro anos e meio, perdida há dez anos, no momento da morte da sua mãe. Por fim,faz o duelo, assumido na paz. É uma graça de cura interior profunda, definitiva. Mas esta graça actua numa natureza que tem a sua história. A ferida psicológica não foi indelével. "Deus é a saúde da alma" (João da Cruz).

Um ano depois do texto do seu manuscrito, Teresa volta sobre esta "conversão" numa carta (Ct 201) ao P. Roulland, no dia 1 de Novembro de 1896. A síntese é perfeita: "A noite de Natal de 1886 foi, é verdade, decisiva para a minha vocação, mas para a designar mais claramente devo chamar-lhe: a noite da minha conversão. Nesta noite bendita da qual está escrito que ela ilumina as delícias do próprio Deus, Jesus que Se fazia criança por meu amor dignou-Se fazer-me sair das roupinhas e das imperfeições da infância, transformou-me de tal maneira que já não me reconhecia a mim mesma. Sem esta mudança teria ficado ainda muitos anos no mundo. Santa Teresa que dizia às suas filhas: "Quero que não sejais mulheres em nada, mas que em tudo igualeis os homens fortes", Santa Teresa não teria querido reconhecer-me como sua filha se o Senhor não me tivesse revestido da sua força divina, se Ele mesmo não me tivesse armado para a guerra".

Deste modo, foi salva "num instante" de uma incapacidade que durou dez anos. Agora sabe por experiência o que é a Misericórdia que a tirou de um abismo. Nunca mais o esquecerá e em todas as noites de Natal futuras, celebrará a sua "conversão".

Por fim, nas suas Últimas conversas, voltará ainda sobre este Natal de 1886, tão decisivo, para precisar que a graça divina não actua sem a liberdade humana: "Pensei hoje na minha vida passada, no acto de coragem que fiz naquela noite de Natal, e o louvor dirigido a Judite veio-me à memória: 'Agistes com uma coragem viril e o vosso coração fortaleceu-se'. Muitas almas dizem: Não tenho força para realizar esse sacrifício. Então que façam o que eu fiz: um grande esforço. Deus nunca recusa esta primeira graça que dá a coragem para agir; depois disso, o coração fortalece-se e vai de vitória em vitória" (UCR 8. 8. 3).

Assim termina a segunda parte da vida de Teresa Martin, segundo a divisão que ela própria faz: estes dez anos de sofrimentos, de lutas, mas também de graças de eleição. A criança, a adolescente viveu um caminho de purificações que a amadureceram e tornaram mais profunda. Tal incapacidade prolongada - dez anos! - cedeu a três curas sobrenaturais sucessivas para acabar numa libertação definitiva. Porque Teresa passou por esta experiência pessoal, sabe que foi salva, que deu um passo em frente, que a sua vida teria sido muito mal orientada se não tivessem existido estas distintas graças, das quais a mais eficaz foi a do Natal de 1886.
Compreende-se a razão pela qual o ano de 1887 será belíssimo para ela: ano de crescimento humano, intelectual, artístico e, sobretudo, espiritual. O ano da luta para entrar no Carmelo o mais rapidamente possível. Por outro lado, foi fixada a data de entrada: o Natal de 1887, aniversário da sua conversão.


Teresa de Lisieux
Vida ∙ Doutrina ∙ Ambiente
Direcção: CONRAD DE MEESTER ocd
Monte Carmelo - Edições Carmelo

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Regras ou Criatividade? Na vida, em Igreja!


Quem aceita o convite de Deus (ainda que seja feito por um amigo, sacerdote ou leigo) para se tornar actor litúrgico, aceita um encargo de servir os irmãos. A liturgia enquanto teatro sagrado tem as suas regras; e é preciso cumpri-las para jogar aquele jogo e não outro. Mas o respeito pelas regras não pode fechar o palco à criatividade. Que fazer, então? Oxalá o texto que segue, de Ione Buy, ajude à tua reflexão.

Frei João


ZELO LITÚRGICO
Sobre fidelidade às normas e criatividade

As duas equipas entram em campo. Conhecem detalhadamente as regras do jogo, já estabelecidas há muitos anos e que são iguais em todo o mundo. Cada uma combinou a táctica para chegar à vitória. Mas, quando o árbitro apita para o início do jogo, o que vale é a agilidade e habilidade de cada jogador, a sua atenção e inteligência em perceber a quem e como deve passar a bola, a sua capacidade de entrar em empatia e entrosar com todo a equipa, a sua vontade de chegar à vitória e o prazer que sente em jogar à bola. As regras? Não é necessário preocupar-se mais com elas: depois de anos e anos a jogar, elas foram in-corporadas. O corpo inteiro sabe normalmente como agir e reagir, de modo que haja espaço para liberdade e criatividade.


A cantora está no palco, lado a lado com a orquestra. Vai interpretar uma ária das Bachianas de Vila-Lobos. Estudou a partitura durante várias semanas. Conhece profundamente a peça a ser executada e procurou entrar no espírito do compositor. Nem um dia descuidou os exercícios de voz. Leva anos de estudo de música e de treino! No momento da apresentação, já não precisa de se preocupar com a partitura porque a conhece de cor. Já superou todos os obstáculos e dificuldades ao longo da preparação. Antes de entrar no palco, fechou-se no camarim durante mais de uma hora para se concentrar. Agora está ali, inteira e concentrada na melodia que flui de dentro dela. Atinge os ouvintes. Passa uma mensagem, suscita emoção.


Será que teríamos histórias semelhantes para contar a respeito de pessoas que assumem os ministérios na celebração litúrgica: na presidência, na proclamação das leituras, na música...? Costumamos ter o mesmo zelo, a mesma dedicação? Preparamo-nos devidamente para assumir a nossa função na liturgia? Conhecemos e in-corporamos as ‘regras do jogo’ da liturgia, assim como o jogador incorporou as do futebol? Preparamos e assimilamos os textos e as acções rituais da liturgia, assim como a cantora assimilou a partitura? Aprendemos a arte de expressar o mistério através da fala, da gestualidade, da postura do corpo, da comunicação com a assembleia? Sabemos lidar com os ‘sinais sensíveis’ da liturgia, a tal ponto de levar as pessoas à participação mística, ao encontro com o Ressuscitado? Dispensamos o tempo necessário para nos concentrarmos e podermos entrar ‘por inteiro’ na celebração?


“Como fazer para que o zelo litúrgico não signifique engessamento, tristeza e seriedade excessiva na liturgia e, ao mesmo tempo, a criatividade não signifique falta de zelo litúrgico e descompromisso com as normas? Qual a linha divisória?”, pergunta alguém. Há ministros e ministras que se preocupam unicamente com as normas, as regras; o resultado é rigidez, engessamento, formalismo... que nada têm a ver com o verdadeiro espírito da liturgia que herdamos de Jesus e das primeiras comunidades. Outros ministros e ministras insistem na criatividade. Mas o que entendem por criatividade? Liturgia é uma acção ritual, cuja característica é a repetição e a fidelidade à Tradição: “Fazei isto (e não outra coisa!) em memória de mim”. Liturgia não se inventa, vive-se. O jogador de futebol não muda as regras do jogo; a cantora não inventa uma nova música, ignorando ou modificando a partitura. Ambos exercem sua criatividade ao entrar de corpo e alma no jogo de futebol ou na música; e desta entrega nasce uma interpretação sempre nova, actual, surpreendente, tocante. É deste tipo de zelo que a liturgia precisa: unindo conhecimento e respeito pelas regras com entrega total ao ‘jogo’, levando a uma vivência profunda.



Ione Buy

O que é que Música e Futebol terão em comum com a Vivência Cristã?



sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Reunião Paris Carmeli_5 de Dezembro 2009

O Paris Carmeli reune-se mais uma vez este fim de semana, para a sua reunião mensal de Dezembro. O cenário escolhido é a casa do Casal Pedro & Susana na bonita e calorosa localidade da Gafanha da Nazaré, que ainda vai ficar mais bonita quando acabarem as obras e a poeira (cof, cof).


O Tema central do encontro, como não podia deixar de ser é alusivo ao Natal e tem como epíteto "Quem dá as Prendas no Natal, será a mãe mentirosa ou a educadora?"


Já sabemos também o menu do repasto, que será Esparguete à Bolonhesa.


Nesta reunião serão sorteados igualmente os papelinhos para as prendas de Natal, que serão trocadas no Jantar respectivo.


Como diria esse grande filósofo contemporâneo, José Carlos Malato, "eu já fui muito feliz na casa do Pedro e da Susasa". Para quem não se recorda, na última vez que lá fomos, nasceu o KICA (Koro Infantil do Carmo de Aveiro), que se estreia precisamente neste fim de semana.


É caso para dizer... "Misteriosos são os destinos do Senhor"


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Onde EStá Um Casal Cristão, Está Cristo!



“Como poderei descrever a felicidade de um casamento, no Senhor,
celebrado em Igreja, selado pela bênção dos anjos e confirmado pelo Pai?
Que belo casal formam dois crentes
unidos numa única esperança,
unidos num único ideal,
unidos pelo mesmo modo de viver
e unidos pela mesma disponibilidade!

Ambos irmãos e servidores do mesmo Senhor,
sem nenhuma divisão na carne ou no espírito,
oram juntos, ajoelham-se juntos
e juntos partilham a mesma mesa.

Ensinam-se mutuamente;
exortam-se e apoiam-se um ao outro.
Estão juntos na Ceia do Senhor,
juntos nas provações,
juntos na perseguição e na alegria.

Não há nenhum perigo que leve um a esconder-se do outro, a evitarem-se,
ou a que um seja perturbado pelo outro...

De boa vontade
visitam os doentes e ajudam os necessitados,
dão esmolas com disponibilidade,
todos os dias cumprem infatigavelmente os seus deveres.

E não sabem que são como que sinais escondidos da Cruz!
Agradecem sem reservas e abençoam-se um ao outro.
Recitam salmos e hinos, alternadamente,
porfiam entre si para ver quem melhor sabe cantar os louvores de Deus.
Vendo e ouvindo isto... Cristo compraz-se e envia a sua Paz aos dois esposos.
Onde está um casal cristão, também está Cristo!


(adapt. TERTULIANO, Ad Uxorem, II, 9 - autor dos sécs.II-III - Norte de África)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Eu empanturro-me, tu empanturras-te. Para quê acordar?


O ADVENTO inicía-se este fim de semana. É um dos marcos importantes da Igreja, pois reflecte a espera, a expectativa e o entusiasmo pela vinda de Jesus Salvador.

O nosso orientador espiritual, Frei João, foi desafiado para fazer uma reflexão sobre o período do Advento, que pensamos estar muito apropriada para podermos todos acordar, mais e melhor.



"Eu empanturro-me, tu empanturras-te. Para quê acordar?

Premissa: o tempo foge e acaba; a coroa do tempo não é o fim mas a plenitude, sem a qual não faria sentido viver acordado.


Ora, então. Para que servirá o Advento se não para (re)partir em caminhada de forma ágil e desperta?


O tempo eclesial de Advento — pouco mais de três semanas — tem função de arauto e de alerta: o tempo chega ao fim, acorda antes que chegue! E como só um é Senhor, é Ele o Último porque foi também o Primeiro. Logo, desperta!, diz a Igreja fundada na Palavra, para ires sem medo ao Seu encontro.


Mas e porque são poucos os que ouvem o arauto? Porque são tão poucos os que se fazem ao caminho? A resposta é simples: porque a maioria dorme ou está embriagada. São palavras de Jesus: «Tende cuidado convosco: que os vossos corações não se tornem pesados por causa da vida libertina, da embriaguez e das preocupações da vida.»


Está a chegar o Menino do Natal. A quem poderia meter medo um menino? Pois, a ninguém. Mas a maioria não saberá recebê-lo. Porque acrescentarão vinho ao vinho, whisky ao whisky e comeres aos comeres. Porque acrescentarão dias aos dias como se não houvera amanhã, nem valesse viver uma vida que não fosse para ser-se livre e fazer-se o que se quer. Porque se afogarão em preocupações ainda que justas e outras que visam o mais e maior: mais ganhos para acrescentar mais ao maior penacho que já se tem.


Celebrar e festejar também são verbos cristãos. Mas, ai de nós, quando o coração se torna pesado, opresso e angustiado porque as preocupações são uma teia tal que não vemos a aurora despontar no horizonte.


É Advento. Quem se propõe caminhar ao encontro definitivo com o Senhor deve ir ligeiro, sem pesos desnecessários que só amargam a vida e peiam a caminhada.


O Senhor vem. Encontrar-me-ei com Ele. Como O encararei: desentendido do mundo porque entorpecido e preocupado comigo, ou pastoreando o mundo levando-o ao encontro definitivo com o seu Senhor?


Advento feliz, feliz acordar.


Frei João"

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Estamos de Volta

Estamos novamente no ar, dois anos depois. Pelo meio muitas aventuras, que agora iremos retratar nestas páginas. A última, muitíssimo engraçada, foi a visita ao Convento de Viana, onde fomos espectacularmente recebidos pelo nosso orientador, o Frei João.

Há fotos dessa aventura e brevemente vamos colocá-las aqui. A nossa próxima aventura é já no dia 5 de Dezembro, com a realização da nossa reunão mensal.

A Deus