sexta-feira, 7 de maio de 2010

Carta à Mulher Que Vai ter Um Filho

Que alegria é comparável à tua alegria! Alegria tão única no seu género que não existe nas nossas línguas a palavra exacta para a exprimir. Tu vais conhecer a felicidade de dar à luz, quer dizer, de projectar para fora da tua carne o que tens em ti de mais íntimo. Esse segredo de ti mesma, desconhecido de ti mesma, vai aparecer-te sob a forma de um filho nascido de ti.






Ao fazeres «vir ao mundo» um filho, participas na obra divina da criação: vais procriar. Quem diz «mãe» diz criação, ou antes cooperação com a obra do Criador de todo o ser. Então vais conhecer esse êxtase sublime que Deus quis conhecer (ele que é todos espírito) quando se «fez carne da Virgem Maria».

A maternidade é a nobreza da condição feminina. Que são as enfermidades biológicas perante o encargo de carregar o homem futuro, de o alimentar com a sua substância, de o educar, de lhe dar o seu primeiro modelo de humanidade e de puro amor?
A idade da maternidade é a idade em que a mulher é rica. E eu penso que a criança «expande» uma mulher. A minha grande amiga Marie Belmont pôs no mundo onze filhos!
E eu vi-a «rejuvenescer» a cada nascimento e tornar-se para aqueles que se aproximavam dela, como o cantou o poeta inglês Coventry Patmore, uma «fonte de virgindade».

And wedded lives which not belie
The honourable heart of love
Are fountains of virginity.

Foi Charles du Bos que me deu a conhecer estes versos. Traduziu-os assim:

E as vidas casadas que nada traem
A honra residente no coração do amor
São fontes de virgindade.

Em que mundo irás projectar a criança que vai nascer? Antes de Hiroshima, o homem morria em cada geração. Mas a humanidade não morria nunca. Doravante, a humanidade sabe que está votada à morte como o indivíduo. E sem dúvida perguntas-me se, um dia, o teu filho não te acusará por o teres «posto no mundo»?

Vivi este vigésimo século: pude comprar as diversas épocas deste século sem paralelo na história pelas suas mutações e pelas suas metamorfoses. Quantas desilusões! Antes da Primeira Guerra (eu tinha treze anos em 1914), era a ilusão da «Belle Èpoque». Acreditava-se que nunca mais haveria guerra. E aconteceu Sarajevo.

Mas, não iremos nós entrar numa nova era? Contemplo com uma esperança inquieta os jovens que vão passar a linha misteriosa do ano 2000. Eles são tão diferentes de nós: como uma nova espécie humana.

E pergunto-me se a geração que vai passar o ano 2000 não será a geração dos «últimos homens» (quer dizer, a última geração dos homens), ou, pelo contrário, a geração dos primeiros homens. Não vamos ver aparecer uma humanidade nova?

Nós não somos iguais aos nossos antecessores. Nós vivemos numa era dos tempos que vão acabar. Vai talvez surgir uma nova era dos tempos! O passado, por muito longo que tenha sido, já mão nos interessa. Com o progresso da técnica, assistimos a uma «nova geração».



Nos tempos antigos, para termos «esperança», virávamo-nos para os pais: a esperança vinha do passado. Agora, é o inverso: o passado é tão longínquo, tão diferente, que já não nos ensina nada. A esperança já não nos vem do passado: a esperança vem-nos do futuro. Ela chega-nos através da criança que levas em ti.

A criança está ali, no seu berço. Ameaçada, frágil, desprotegida, tranquila, soberana. Virgílio dizia, há dois mil anos, que a criança começa a sua vida com um sorriso. Sorri de sua mãe? Sorri para a sua mãe?

E todos nós, neste sombrio fim de século, quando procuramos uma razão para esperar contra toda a esperança, encontramo-la no recém-nascido. Ele não sabe nada. Ele não diz nada. Força-nos a esperar. Não levanta problemas: pelo sorriso, resolve-os todos.

Jean Guitton (1909 - 1999)

Reunião de Abril!

A reunião do Paris Carmeli de Abril realizou-se no dia 24. Sob o signo da Liberdade (era a véspera do 25 de Abril) e do Kica (no dia seguinte realizava-se o primeiro concerto do Koro Infantil do Carmo de Aveiro) fomos brilhantemente recebidos pela Presidenta e pelo Primeiro Cavalheiro (não sei se estou a pronunciar bem!).




O repasto, confeccionado pelos próprios, foi um Bacalhau à Ana Cláudia e um Frango à Lobo, que estava qualquer coisa de divinal. A oração fez-se normalmente, mas o debate do tema proposto não se realizou. Pode-se dizer que foi Jesus que impediu o debate. Não o Salvador, mas aquele treina a Gloriosa equipa que estava a algumas (poucas) jornadas de ser campeã nacional. Os adeptos do Benfica e do Rio Ave não resistiram à tentação. Pecadores!




Uma foto que ficará para a história, especialmente dos próprios. A quatro dias de nascer a Anita, aqui fica a foto de uma família muito feliz.